Resenha Literária – O Leopardo, de Jo Nesbo

Título: O Leopardo
Autora: Jo Nesbo
Editora: Record

Sinopse: Ao trocar a fria Oslo por Hong Kong, Harry Hole encontra refúgio no ópio, no álcool e nos jogos de azar para fugir de sua antiga vida. Porém, por mais que ele tente se manter afastado, um sórdido assassino consegue trazê-lo de volta à realidade. Duas mulheres são encontradas afogadas no próprio sangue, e uma terceira é morta por enforcamento. A cobertura da imprensa provoca grande comoção na cidade. Não há pistas do assassino, a única conexão entre as mortes é o fato de que todas as vítimas passaram a noite em uma cabana isolada nas montanhas. Conforme a investigação avança, Harry tem certeza de que está lidando com um perigoso e implacável assassino, que escolhe suas vítimas a dedo. Porém, ele não imagina que, ao assumir o caso, coloca-se também na mira desse perigoso psicopata.


Em "O Leopardo", acompanhamos Harry Hole, o mesmo detetive do livro "Boneco de Neve", novamente em cena, só que agora ele está em Hong Kong para fugir de tudo o que aconteceu em "Boneco de Neve". Quando um novo caso de serial killer surge, o departamento de homicídios envia uma policial para traze-lo de volta, e ela consegue, é claro, mesmo depois de Harry relutar muito.
Harry está completamente perdido, vive de maneira precária, deve a máfia de Hong Kong e tem problemas com bebida e drogas, mas depois de descobrir que o pai está doente, ele concorda em voltar e ajudar nesse novo caso.
Logo no começo já temos duas vítimas e os assassinatos são tão detalhados que me fizeram lembrar do filme Saw (Jogos Mortais). Alguns leitores podem se incomodar com esse excesso de detalhes sombrios. Outros poderiam preferir cenas um pouco mais vagas com o posterior desdobramento dos detalhes de forma mais lenta (ou até mais chocante), acompanhando o impacto da revelação da violência nos demais personagens. De qualquer modo, Jo Nesbo descreve a cena do crime com bastante foco e proximidade e isso não é uma surpresa.

"Ele sussurrou no ouvido dela: – Não mexa no fio" (pág. 09)

Quando outra pessoa é morta, surge uma pista e uma conexão entre as vítimas, mas a pergunta ainda fica pairando no ar… “Quem iria querer matar essas pessoas e porque?”

Junto com a história dos assassinatos, acompanhamos Harry e observamos mais de perto sua personalidade e seus conflitos. Tudo vai se entrelaçando, mostrando não somente a história do serial killer, mas também um pouco de todos os personagens. Em alguns momentos achei que o livro poderia ter sido mais compacto, mas mesmo assim ela fluiu razoavelmente bem.

Quem já leu alguma outra obra do autor sabe que Jo Nesbo, é direto, relata os acontecimentos com frieza e os crimes são chocantes. A violência é objetificada e descrita de modo impessoal, contribuindo para o ambientação de um ambiente psicopático.
O livro começa um pouco devagar, mas vai tomando forma e envolvendo o leitor. Com uma história repleta de suspense e reviravoltas, Jo Nesbo te captura e te arrasta para o centro dessa trama surpreendente.

Vamos falar um pouco da parte técnica do livro?
A capa é toda com aplicação de verniz (brilho) e na área onde temos o leopardo o acabamento é fosco. A estrutura da capa, rigorosa e direta, combina com técnica do autor. A diagramação é simples e bem cuidada. As páginas foram impressas em papel off-white, o que suaviza a leitura e não cansa os olhos, com tipologia Sabon LT Std, tamanho 10,5/14,3. O livro possui 600 páginas divididas em 95 capítulos e epílogo.
Parabéns para a editora Record pelo ótimo trabalho.

Capas


Sobre o autor: Aclamado pela crítica internacional, o escritor norueguês Jo Nesbo conquistou seu lugar entre os principais nomes da literatura policial escandinava. Suas tramas complexas e inteligentes protagonizadas pelo detetive Harry Hole sempre chegam ao topo da lista de mais vendidos dos países escandinavos. Jo Nesbo vive em Oslo. É músico, compositor e economista, além de ser um dos escritores mais bem-sucedidos e aclamados na Europa atualmente. Seu primeiro romance policial estrelado pelo detetive Harry Hole tornou-se sucesso instantâneo na Noruega, conquistando o prêmio Glass Key por melhor romance nórdico de 1998.  Em 2004, Garganta vermelha, primeiro livro do autor publicado pela Editora Record, foi eleito o melhor romance policial de todos os tempos, pelos Clube do Livro Norueguês.